sábado, 21 de março de 2015

Renascer? Talvez...

Já há muito que não escrevo neste blogue, a vida tomou conta de mim e nunca mais tive tempo para lhe dedicar e quando havia tempo não havia vontade.
Winston Churchill referia-se à sua depressão crónica como o seu "fiel cão preto". Digamos apenas que o meu cão preto tem andado mais fiel do que nunca.
Escrever faz parte da "terapia" mas a vontade é dominada pelo canídeo... Tenho conseguido mantê-lo sentado no canto da sala e, num esforço para assim o manter decidi retomar a escrita.
se não tivesse passado tanto tempo faria um resumo do que se tem passado, mas já lá vai tanto tempo que não me apetece. Quando fôr relevante recapitularei...

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Mafalda

A minha filha mais nova fez um ano no principio deste mês.
Não anda, não fala...
Nada de extraordinário, a mais velha com um ano também não andava (só começou a andar com 14 meses), e o que mais há por aí são crianças com um ano que não falam...
Então porquê a preocupação?
A Mafalda sentou-se pela primeira vez com 9 meses... começou a gatinhar com 11 meses... Partiu uma clavícula com 7 meses...
A Mafalda é pequena. Tem peso e altura de um bebé de 9 meses... Mais uma vez nada de extraordinário... Pois, mas a Mafalda come quantidades de comida de acordo com a idade... ou até mais... então porque não cresce?
Desde que partiu a clavícula que tem havido um sem fim de preocupações e dores de cabeça do foro médico a ajudar às preocupações normais de ser mãe. A primeira foi a suspeita por parte do ortopedista de trauma que a assistiu nas urgências de que ela teria osteogenese imperfeita... Não se confirmou mas também não ficou descartada a 100%... Depois foi uma súbita paragem no crescimento (3 meses sem crescer nem aumentar de peso) que levantou a suspeita de um problema cardíaco (ela nasceu com um sopro, nada de grave, daqueles que saram por si).
Isto tudo em pleno Inverno que foi fértil em constipações e infecções respiratórias com direito a aerossóis e corticoides...

Há umas semanas a Mafalda começou finalmente a pôr-se de pé agarrada aos móveis e eu começo a respirar melhor mas o sono teima em fugir de mim durante a noite... Teima em deixar-me acordada para remoer em tudo o que corre menos bem...
Agora, a propósito do lançamento de um livro que expia o sentimento de culpa das mães não consigo afastar da minha cabeça que quando descobri que a Mafalda vinha aí eu não queria mais um bebé, nunca lhe desejei mal e sempre me preocupei mas até lhe ouvir o coração pela primeira vez eu não me sentia grávida, eu sentia-me doente porque eu não queria este bebé...
Eu amo as minhas filhas de forma igual, amo a Mafalda e se não a tivesse tido estaria a sentir-me incompleta (afinal eu sempre quis 2 filhos) e talvez por isso mesmo não consigo deixar de pensar que tudo isto que estou a passar com ela é culpa minha por não a ter querido desde o início, por não a ter desejado, por ter ficado infeliz no dia em que descobri que ela vinha aí...

sábado, 14 de dezembro de 2013

Polar Post Crossing 2013

Pelo segundo ano consecutivo participo no Polar Post Crossing e os postais já estão no correio!
No ano passado recebi um postal que me encheu de emoção e alegria enviado pela Titá.
O postal era um tradicional postal de Natal mas as palavras escritas lá dentro, de propósito para mim deixaram-me verdadeiramente tocada...
Gostei tanto que este ano não hesitei! Agora é esperar e ver a caixa do correio regularmente!

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Esperança

Este ano o Natal deixa um sabor amargo na boca... A casa é mesma, o entusiasmo da M é o mesmo senão maior do que no ano passado, até porque este ano o pai está cá...
E é precisamente aí que está a maior diferença... Para o bem das miúdas, principalmente da M porque a Ma ainda não percebe, o Natal vai ser passado em conjunto, "como se ainda estivessemos juntos" (palavras dele)...
A minha mãe não gosta da ideia, a mãe dele também não mas a realidade é que ele passa mais tempo fora do país do que cá e elas são demasiado pequenas para serem privadas da companhia do pai...
A minha melhor amiga, fonte inesgotável de cepticismo perguntou simplesmente: "quando ele saiu de casa disse-te Adeus ou Até breve?" e a realidade é que ele não disse nada puxou-me para ele e deu-me um beijo no alto da cabeça...
Nos assuntos do coração é complicado ouvir opiniões assim como é complicado dá-las (lá diz o ditado, entre marido e mulher não se põe a colher...) mas estas são as únicas opiniões que oiço, as das outras pessoas passam-me ao lado, nem sequer deixo que toquem no assunto. O que a minha amiga queria dizer é que ele não vai aguentar estar sem mim e sem as miudas durante muito tempo, ela até apostou comigo que quando ele vier me vai pedir para o ir buscar ao aeroporto (a realidade é que eu já me ofereci para ir com a desculpa de serem as meninas a irem buscar o pai). Ao se aperceber que a aposta estava comprometida, perguntou-me para onde o vou levar quando viermos do aeroporto, e eu respondi que o vou deixar na casa da mãe dele com o carro dele e depois peço boleia ao meu pai para ir para casa. (Eu fiquei a "tomar conta" do carro dele porque a mãe não tem carta e o "carro não pode ficar parado tanto tempo"). A resposta dela é que me surpreendeu, ela fez uma nova aposta comigo, ela diz que ele vai dizer para eu ir directamente para casa e que depois ele vai para casa da mãe dele. Eu respondi que realmente faz sentido, eu escusava de andar de um lado para o outro com as miúdas. Mas ela acha que ele vai querer subir para passar algum tempo com elas e vai acabar por ficar cá...
Não sei o que pensar, sinceramente gostava que fosse verdade, gostava que ela ganhasse a aposta, mas por outro lado ele escolheu fugir dos nossos problemas e saiu de casa, ele não falou no assunto e eu não acredito que tenha havido uma traição por isso não há outro envolvimento emocional que o impeça de me voltar a ver como me via antes... Precisamos de nos sentar e conversar? Claro que sim! Já precisávamos antes, mas as coisas foram-se arrastando e quando nos sentámos para falar já foi tarde.
Quando ligo o computador para ele falar com as filhas ele continua a perguntar como correu o meu dia, mas interpreto isso como delicadeza e não genuíno interesse...
Estou a tentar manter-me céptica, distante, não quero encher-me de esperança para depois ser arrasada quando ele disser que não há volta a dar... Mas dito isto, a esperança é a última a morrer...

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Certezas...

Vivo dia a dia com poucas certezas, mas as certezas que tenho são absolutas: as minhas filhas são o meu mundo e não sei viver sem o pai delas...
Dito isto, as minhas filhas são o meu primeiro pensamento quando tenho uma decisão para tomar e na altura em que o D. começou a trabalhar no estrangeiro tinha apenas uma filha e a decisão, apesar de não ser simples, foi tomada sem grandes complicações, um ano e meio depois, quando decidi abandonar a empresa onde trabalhava era ela que estava constantemente no meu pensamento: trabalhava por turnos, era mal paga e na altura já contava com 2 meses de ordenado em atraso, a decisão foi tomada no dia em que gritei com ela, uma criança inocente, por estar saturada de ser mal tratada no emprego.
Estive em casa 9 meses e fui convidada a preencher uma vaga a substituir uma grávida que foi para casa mais cedo por estar a sofrer complicações na gravidez, ironia do destino, eu estava grávida de 3 meses e precisavam de mim durante 6 meses (!) foi mesmo à justa. (Quando fui contactada, informei prontamente os meus futuros patrões da minha situação e ainda assim fui contratada, mas esta história fica para outra altura...)
Quando me perguntam como consigo cuidar sozinha de duas filhas pequenas (3 anos e 6 meses), eu nem sei como responder porque é óbvio, não? Pelos filhos conseguimos o impossível, certo?
É à noite, quando elas já estão a dormir que o impossível toma conta de mim e choro porque tenho saudades de sentir os braços do D., porque tenho saudades de sentir a respiração dele no meu pescoço quando nos abraçamos só porque sim, é à noite que choro porque estou tão cansada que não consigo dormir, é à noite que choro porque não tenho um apoio todos os dias ao meu lado para me ajudar a cuidar delas, é à noite que sinto que o dia devia ter mais horas para conseguir fazer tudo (onde é que vou roubar horas para compensar o que não consegui acabar? Isso... é à noite...)
O D. passa um mês fora, vem a casa por um período que varia de 10 a 15 dias e depois volta a ir por mais um mês e depois a coisa repete-se, ora eu comecei por dizer que uma das minhas certezas é que não sei viver sem ele, então podem pergntar-me como é que eu vivo nesse mês que ele não está? Pode até parecer estúpido mas eu só descobri que não sabia viver sem ele no dia em que ele partiu pela primeira vez há 2 anos e meio atrás e hoje ainda não descobri uma resposta, mas tenho duas pistas a M. e a Ma. assim como eu faço tudo por elas, elas fazem uma coisa muito importante por mim: fazem de mim uma mãe! Li há pouco tempo, algures, alguém que se definia no cliché 3 em 1 mãe esposa e mulher, eu não me enquadro nesse cliché porque a única constante é ser mãe, sou-o 24h por dia, 7 dias por semana, 365 dias e 6 horas por ano (366 nos anos bissextos). Mulher sou, muita gente dirá que o sou sempre mas eu só o sinto 1 vez por mês, esposa sou 15 dias de cada vez de mês a mês...
O "eu" mãe vive para as filhas e vive feliz assim, o "eu" mulher tem dúvidas, dores e depressões mas está longe de ser o meu "eu" dominante, o "eu" esposa, a tal que não sabe viver sem o D., só existe 15 dias de mês a mês, e essa não tem que se preocupar em viver sem o D. porque quando ele não está, ela também não existe...
Era bom, não era? Que fosse assim tão simples... Sermos 3 em 1, ou 2 em 1 para quem não tem filhos, podermos separar os sentimentos de cada um dos nossos "eu's" de forma a vivermos melhor...
Sou mãe, esposa e mulher mas não sou 3 em 1, sou uma (dividida) em três...

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Tá tudo lixado...

Quando uma família feliz, daquelas que são mesmo felizes "por dentro", me suscita inveja, não é bom sinal, pois não?