quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Certezas...

Vivo dia a dia com poucas certezas, mas as certezas que tenho são absolutas: as minhas filhas são o meu mundo e não sei viver sem o pai delas...
Dito isto, as minhas filhas são o meu primeiro pensamento quando tenho uma decisão para tomar e na altura em que o D. começou a trabalhar no estrangeiro tinha apenas uma filha e a decisão, apesar de não ser simples, foi tomada sem grandes complicações, um ano e meio depois, quando decidi abandonar a empresa onde trabalhava era ela que estava constantemente no meu pensamento: trabalhava por turnos, era mal paga e na altura já contava com 2 meses de ordenado em atraso, a decisão foi tomada no dia em que gritei com ela, uma criança inocente, por estar saturada de ser mal tratada no emprego.
Estive em casa 9 meses e fui convidada a preencher uma vaga a substituir uma grávida que foi para casa mais cedo por estar a sofrer complicações na gravidez, ironia do destino, eu estava grávida de 3 meses e precisavam de mim durante 6 meses (!) foi mesmo à justa. (Quando fui contactada, informei prontamente os meus futuros patrões da minha situação e ainda assim fui contratada, mas esta história fica para outra altura...)
Quando me perguntam como consigo cuidar sozinha de duas filhas pequenas (3 anos e 6 meses), eu nem sei como responder porque é óbvio, não? Pelos filhos conseguimos o impossível, certo?
É à noite, quando elas já estão a dormir que o impossível toma conta de mim e choro porque tenho saudades de sentir os braços do D., porque tenho saudades de sentir a respiração dele no meu pescoço quando nos abraçamos só porque sim, é à noite que choro porque estou tão cansada que não consigo dormir, é à noite que choro porque não tenho um apoio todos os dias ao meu lado para me ajudar a cuidar delas, é à noite que sinto que o dia devia ter mais horas para conseguir fazer tudo (onde é que vou roubar horas para compensar o que não consegui acabar? Isso... é à noite...)
O D. passa um mês fora, vem a casa por um período que varia de 10 a 15 dias e depois volta a ir por mais um mês e depois a coisa repete-se, ora eu comecei por dizer que uma das minhas certezas é que não sei viver sem ele, então podem pergntar-me como é que eu vivo nesse mês que ele não está? Pode até parecer estúpido mas eu só descobri que não sabia viver sem ele no dia em que ele partiu pela primeira vez há 2 anos e meio atrás e hoje ainda não descobri uma resposta, mas tenho duas pistas a M. e a Ma. assim como eu faço tudo por elas, elas fazem uma coisa muito importante por mim: fazem de mim uma mãe! Li há pouco tempo, algures, alguém que se definia no cliché 3 em 1 mãe esposa e mulher, eu não me enquadro nesse cliché porque a única constante é ser mãe, sou-o 24h por dia, 7 dias por semana, 365 dias e 6 horas por ano (366 nos anos bissextos). Mulher sou, muita gente dirá que o sou sempre mas eu só o sinto 1 vez por mês, esposa sou 15 dias de cada vez de mês a mês...
O "eu" mãe vive para as filhas e vive feliz assim, o "eu" mulher tem dúvidas, dores e depressões mas está longe de ser o meu "eu" dominante, o "eu" esposa, a tal que não sabe viver sem o D., só existe 15 dias de mês a mês, e essa não tem que se preocupar em viver sem o D. porque quando ele não está, ela também não existe...
Era bom, não era? Que fosse assim tão simples... Sermos 3 em 1, ou 2 em 1 para quem não tem filhos, podermos separar os sentimentos de cada um dos nossos "eu's" de forma a vivermos melhor...
Sou mãe, esposa e mulher mas não sou 3 em 1, sou uma (dividida) em três...

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